hey vida.

big brother

para c., c.l., l e m.

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daqueles dias em que tudo é saudade
até a música é sobre saudade.

encontro pessoas e tenho vontade de sentar na calçada
ou na caixa de cerveja
para beber em copos descartáveis
ou na própria garrafa

ali sentadas nós:
rimos
choramos
correndo
vivemos os amores possíveis
e os impossíveis.

vivemos com copos descartáveis na mão

old people
same problems

Sometimes I can’t believe it
I’m movin’ past the feeling

brinks, nem tô.
não consigo.

0403

ando sempre caótica e hoje não é diferente. o que me move são as emoções. o medo de ir ao médico, o amor que tenho pelas coisas, a preocupação eterna com dinheiro. posso ter guardado, posso saber que vou receber, posso gastar além no mês, mas sempre fico preocupada. o que serei em 5 anos? o que serei no próximo mês?

o coração anda em pedaços e não sei bem o que é. o cansaço das últimas semanas me lembra a falta de tempo. a falta do feito a mão, de fazer aquilo que me encanta como um hobby e passa longe de ser profissão real. até porque gosto da profissão real, me perco em possibilidades para apenas alguns píxeis. tenho livros para ler e a cabeça fervilha de pensamentos. não concentro. não concentro na casa, no hobby, nos pequenos prazeres.

 

sobre o que fazer hoje

(foto)

 

sobre o que eu queria fazer hoje. acordar e passar um café, pra insensar a casa e o corredor de apartamentos. colocar um disco pra tocar e dançar no caminho da cozinha até o ateliê/escritório. ler meus e-mails, respondê-los no conforto da música livre, da música sem fone. escolher o tecido, pensar em combinações, tentar fazer aquela blusa que não sei por onde começar.
pausa pro almoço, quero cozinhar abobrinha com tomate, aproveitar o que tem na geladeira e pensar em queijo. cortar a maçã, fazer uma torta pro café. te esperar com uma saia nova, com uma calcinha nova, com uma música velha. com uma taça de vinho. um abraço, um beijo bom. você enrolado no edredon amarelo e com o reflexo laranja do abajour. de manhã até a noite só penso em você.

quero trabalhar de casa, meu bem. pra ter mais tempo de tudo.

 

 

cair da tarde

17:45 e o sol se foi. tardes de inverno e o céu com a cor azulcinza.

daqui vejo a cidade e os pequenos faróis no céu. não são estrelas, são os helicópteros que invadem o azul e se misturam com as luzes fixas dos prédios bem iluminados. vão e voltam, esses pontos móveis.

balanço

outro dia caminhando na rua você me perguntou se a gente poderia ter uma casa com mangueira, pra ter um balanço nela. eu respondi que sim e fiquei toda em corações.

hoje quando vi essa foto só pude lembrar de você. e do balanço.

quando vamos procurar a casa?

:)

dinda – queria me enjoar de você

meu bem,

desde que achei esse vídeo no twitter eu não consigo parar de ouvir. tá no repeat desde às cinco horas. e cada vez que eu escuto ele me comove mais, me arrepia mais e me deixa mais feliz. é puro amor, é uma coisa tão boa de sentir que não consigo parar de tocar. e isso lembra os idos de 2007, aquela coisa que diz na música voltando-da-sua-casa-ontem-reparei-que-eu-tinha-ficado-lá. e vc ficou aqui também, no meu peito. e continua. sempre e sempre.

eu espero que você goste.

horto sessions#1_dinda parte 2 from horto filmes | clara cavour on Vimeo.

lembra que no primeiro toque
deu choque
lembra que você mudou de cor

queria me enjoar de você
do doce do seu beijinho
do cheiro, do jeito, da fauna e da flora

lembra dos dias azuis, que luz
lembra seu corpo junto do meu

queria me enjoar de você
mas não consigo
o jeito é deixar doer pra ver se sara

eu não vou fazer mais nada
nem vou me lembrar de te esquecer
voltando da sua casa ontem, reparei que eu tinha ficado lá

obs: estou com saudades das nossas cartas musicais.

sempre sua,
a.

um mês depois

my dear,

cheguei em casa.
agora sei que já posso chamar esse apartamento de casa sem tanta confusão na minha cabeça. talvez um pouco de dor, mas confusão acho que não. aquilo não me pertence mais. só ficaram os discos, a fotografia e os meus medos. tentei deixá-los por lá, pra aliviar o peito.

no aeroporto, os meus olhos encheram de lágrimas muitas vezes enquanto eu esperava o meu voo, principalmente quando pensava em tudo o que aconteceu durante o último mês. aquele lugar não é mais o mesmo. mas se tem uma coisa que aprendi (ou pelo menos tento aceitar) é que não podemos esperar muito das pessoas. só precisamos estender o braço quando elas chegam, do tipo, vemcámedáasuamãoeumabraçoevamosconversarsobreoquevocêquiser. sem cobranças. vivendo aquele único momento. vamos falar das pessoas, de oferendas, da nossa vida e de como demoramos pra nos reunir mais uma vez.

e mesmo tentando não sofrer, cheguei em casa e o meu peito apertou de saudade dos meus queridos de sempre. vi que você sentiu o mesmo e ficou bolando de um lado pro outro. me desculpe, mas não sei o que dizer pra você. quando fui no supermercado comprei um chá novo de melissa com flor de laranjeira pra ver se esse verão passa logo pois eu quero ver as folhas caindo aqui da varanda tomando chá com você.

e em casa.

com amor,

*a foto é do meu tigermilk

meimagino

me perco em pontos ônibus. me perco quando entro neles. ali dentro me perco nas pessoas, nos livros que elas estão lendo, nas músicas que ultrapassam os fones de ouvido. olho nas roupas, nos cabelos, nas mochilas e bolsas. imagino cada uma delas, a casa que vivem, as alegrias que vivem e as dores que carregam.

em cada ponto que alguém desce imagino pra onde vai. se vai pro trabalho, se vai no boteco pedir uma pinga, se vai almoçar com uma amiga na vila madalena, se vai encontrar o amor da sua vida na esquina, se vai ao cabeleleiro, se vai pedir um pão na chapa, se vai continuar lendo o livro, se vai chorar o amor perdido olhando pra cidade na praça do pôr do sol.

imagino.

e quando eu desço?

eu me imagino.